Fornos aquecem economia na Terra dos Biscoitos
Com pouco mais de dez mil habitantes, São Tiago, a 44 quilômetros de São João del-Rei, destaca-se na fabricação de biscoitos. Só as 25 fábricas filiadas à Associação São-Tiaguense dos Produtores de Biscoito (Assabiscoito) possuem uma produção semanal de 150 toneladas e geram 600 empregos diretos e 50 indiretos. Ao todo existem 45 fábricas de biscoitos na cidade.
A secretária executiva da Assabiscoito, Adriângela Magalhães Gouvêia, conta que são utilizadas como matéria-prima 4.800 dúzias de ovos e 30 toneladas de polvilho, a cada 15 dias. A produção dos biscoitos de São Tiago segue para várias regiões, como São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Belo e todo interior de Minas.
Um exemplo disso é a produtora Mírian Santiago Oliveira que exporta para toda Minas Gerais e São Paulo. Ela começou a fabricar biscoitos, em 2005, na cozinha de casa com mais dois amigos. Atualmente ocupa um espaço que abriga 25 funcionários e uma produção mensal de 30 mil pacotes de biscoitos, entre doces e salgados. “Quando comecei, não gastava nem um saco de 50 quilos de farinha de trigo por mês. Hoje são 30”, calcula. Com o aumento da clientela passou a exportar para outras regiões.
Já Alexandre Nunes Machado Chaves tem toda sua produção distribuída num raio de 150 quilômetros de São Tiago. Sua fábrica faz 40 tipos diferentes de biscoitos, com uma produção de duas toneladas por semana. Segundo o empresário, o inverno por aqui significa tempo bom para os negócios. “Quando esfria, as pessoas consomem mais café, chá, leite, que combina com biscoito. Nessa época do ano, o número de funcionário passa de 30 para quase 40”, explica.
Renda
Os funcionários das indústrias de biscoitos recebem por produção. Os cargos principais são de forneiro, empacotador, enroladeira e operador de máquinas. Todos empregados têm carteira assinada e direitos trabalhistas garantidos. Para cada quilo de massa enrolada, ganham em média R$0,90 a R$1,00.
Dircéia Maria Santiago acumula sete anos de experiência na função de enrolar biscoitos. Com uma média de 35 quilos de massa enrolada a cada dia, ela diz que num mês bom chega a ganhar R$600. “É um dinheiro que ajuda bastante. Se não fosse a padaria não tenho ideia do que faria”, conclui.
Colega de Dircéia, Regiane Auxiliadora da Silva trabalha em padarias há quatro anos. Hoje é responsável por pesar os ingredientes que vão ser enrolados. Para ela, a única fonte de renda é colocar a mão na massa. “É o meu sustento. Se não fosse a padaria, teria que procurar outra coisa para fazer.”
Festa do biscoito
Para comemorar a produção dos biscoitos, desde 1999 os produtores locais colocam uma mesa farta de quitutes na praça central da cidade e recebem uma média de 30 mil visitantes. Durante os três dias de evento, que acontece anualmente no segundo final de semana de setembro, além de rodadas de negócio, ocorrem shows musicais, desfiles alegóricos e preparo de biscoitos em forno de barro na praça.
O crescimento da festa acompanhou o das padarias. No primeiro ano de evento foram degustados 500 quilos de biscoitos de graça. Na última edição, em 2009, a quantidade consumida passou para cinco toneladas.